NOTÍCIAS MERCADO IMOBILIÁRIO
06/08/2025
Cury bate o consenso e chega a receita recorde — sem deixar a margem cair
Implementação da nova faixa do programa, que ampliou o teto de enquadramento para imóveis de até R$ 500 mil, tem se refletido no desempenho da companhia
Fonte: Exame
A Cury (CURY3) registrou uma receita líquida recorde de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre, aumento de quase 35% em comparação ao mesmo período de 2024. Já o lucro líquido foi de R$ 236,7 milhões no segundo trimestre, alta de 37,5% na comparação anual e superando o consenso de mercado, que apontava para R$ 218 milhões.
A companhia se manteve gerando caixa pelo 25º trimestre seguido, com R$ 103,3 milhões. No entanto, houve uma queda de 32,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do semestre, a geração totalizou R$ 129,1 milhões, com redução de 23,7%.
De acordo com a incorporadora, a diminuição na geração de caixa foi causada por uma mudança no procedimento da Caixa, responsável pelos repasses do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A partir de agora, os repasses só são feitos após o registro dos contratos em cartório, o que aumenta o tempo para o pagamento chegar ao caixa.
Dias antes da divulgação do balanço, analistas do mercado financeiro já cantavam a bola de que Cury seria um dos destaques da temporada.
Em relatório, os especialistas da XP afirmaram que a manutenção das margens fortes traria mais um trimestre de forte expansão dos lucros das companhias ligadas ao MCMV. No entanto, os analistas projetavam um aumento menor no lucro líquido da Cury, de 31% na comparação anual. Já o time do Santander projetava um aumento de apenas 25,8% no lucro líquido da construtora.
A margem bruta ajustada da Cury ficou em 39,8%, aumento de 1,3 ponto percentual na comparação anual. A margem líquida ficou em 19,8%, 2,2 pontos percentuais acima da registrada no mesmo período de 2024.
Vice-presidente comercial da Cury, Leonardo Mesquita afirma que as margens são motivo de orgulho para a companhia. “Chegamos a números recordes, tanto de receita, quanto de vendas, conseguindo manter — e aumentar — nossas margens brutas e líquidas”, diz.
Em 2015, quando a Cury vendia cerca de R$ 600 milhões, ela já era apontada como uma empresa com bons indicadores financeiros.
“Na época, havia a dúvida se os bons indicadores só existiam porque a companhia era menor. Hoje, chegamos na posição que estamos, conseguindo melhorar ainda mais estes indicadores. Conseguimos escalar mantendo a eficiência”, explica. No segundo semestre de 2025, a empresa está próxima de R$ 5 bilhões em vendas.
Minha Casa Minha Vida como motor de vendas
A implementação da faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, que ampliou o teto de enquadramento para imóveis de até R$ 500 mil, já tem refletido no desempenho da companhia.
No trimestre, quase 93% das vendas realizadas tinha preço unitário de venda até o teto do programa, superando a média de 70% registrada nos trimestres anteriores.
Não à toa, o VGV (Valor Geral de Vendas) repassado no trimestre totalizou o valor recorde de R$ 2,1 bilhões. "Começamos a ter uma capacidade de repasses muito maior quando colocamos mais unidades dentro do programa", afirma Mesquita.
O repasse imobiliário é a parcela do valor do imóvel que será financiada pelo banco para o cliente. No caso da Cury, o repasse é sempre realizado com a Caixa por meio do Crédito Associativo, que financia a obra desde o seu início.
Resultado operacional
A Cury registrou nove lançamentos no segundo trimestre, totalizando R$ 1,96 bilhão em VGV, considerando apenas a participação da empresa nos empreendimentos. Esse valor representa um crescimento de 16,9% em relação ao mesmo período de 2024.
No acumulado de 2025, os lançamentos da Cury somaram R$ 4,6 bilhões, com um aumento de 45,6%, distribuídos em 23 novos projetos.
O preço médio dos imóveis vendidos pela incorporadora teve um aumento de 2,7% nos últimos 12 meses, atingindo R$ 309,7 mil. Com a inclusão da nova faixa 4 do MCMV, a Cury obteve 92,8% de suas vendas dentro do programa.
O índice de vendas sobre oferta (VSO) no segundo trimestre apresentou uma queda de três pontos percentuais, indo para 47,5%. Já a VSO acumulada nos últimos 12 meses até junho teve uma redução de 0,8 ponto, totalizando 74,3%.
Os distratos da companhia aumentaram 33,7% em volume, somando R$ 236,6 milhões. Ao fim de junho, o estoque da Cury era avaliado em R$ 2,5 bilhões, o que representa um crescimento de 45,8% em relação ao ano anterior. A expectativa é que esse estoque seja reduzido até o final de 2025, em função de um semestre mais forte em lançamentos.
A Cury possui um banco de terrenos avaliado em R$ 21,1 bilhões, um aumento de 20% em relação a junho de 2024.
Expectativa
Em conversa recente com analistas do Santander, Ronaldo Cury, diretor de relações com investidores e de crédito imobiliário da Cury, disse que a companhia está disposta a lançar mais R$ 8,5 bilhões em 2025 e tem como meta alcançar R$ 10 bilhões até 2027, com foco em São Paulo e Rio.
A empresa se beneficia de um bom ambiente financeiro, com orçamento FGTS robusto e discussões para expandir os recursos do faixa 4 para 2026.
A estratégia de longo prazo da Cury inclui a meta de vender 30 mil unidades por ano até 2027. Além disso, a empresa planeja lançar mais projetos, antecipando três inicialmente programados para 2026. A Cury espera manter margens brutas em torno de 39% devido a mudanças no programa MCMV e à inflação moderada.
A empresa também está investindo em inovação e eficiência operacional para sustentar o crescimento. Entre as iniciativas estão a construção enxuta, a compra de novos equipamentos e a expansão da divisão Cury Install.
Apesar de desafios no mercado de trabalho, Cury não vê riscos significativos em relação à disponibilidade de mão de obra.
Novo modelo de crédito habitacional vai mudar regra de uso da poupança para incentivar financiamentos
Regras devem ser anunciadas até fim de agosto e buscam baratear captação para bancos; governo prevê dobrar financiamentos da casa própria em dez anos
Fonte: Folha
O novo modelo de crédito habitacional em discussão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai fixar um prazo para o uso mais flexível da poupança pelas instituições financeiras. Ao fim do período, os bancos precisarão conceder novos financiamentos imobiliários para continuar usufruindo dos recursos da caderneta com maior liberdade na aplicação.
Técnicos envolvidos na discussão ainda trabalham na calibragem mais adequada, mas a tendência é que esse prazo fique em torno dos cinco anos.
O novo modelo de crédito habitacional prevê maior flexibilidade no uso de recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que são uma fonte de captação mais barata para os bancos, pois a remuneração aos poupadores fica abaixo das taxas de mercado.
Hoje, os bancos recebem os depósitos dos clientes na poupança e precisam direcionar pelo menos 65% dos recursos para operações de financiamento imobiliário, além de deixar 20% do valor depositado compulsoriamente no BC.
No novo modelo, não haverá direcionamento da poupança para o crédito imobiliário, nem depósito compulsório. O dinheiro da caderneta ficará sem carimbo, e o banco poderá usá-lo para fazer outras aplicações com rendimentos maiores, desde que tenha concedido financiamentos habitacionais em valor correspondente.
A avaliação é que o desenho deve incentivar um crescimento exponencial do estoque de crédito imobiliário no país, hoje em torno de 10% do PIB (Produto Interno Bruto). O patamar está abaixo do observado em países como Chile, Colômbia e África do Sul, onde a modalidade corresponde a 20% a 30% do PIB.
Estimativas internas indicam a possibilidade de o Brasil dobrar o estoque de crédito habitacional em uma década a partir da implementação das novas regras.
Os detalhes finais do novo modelo estão sendo fechados pela Casa Civil, pelos ministérios da Fazenda e das Cidades e pelo Banco Central. A Caixa Econômica Federal, principal operadora do crédito habitacional, também participa das discussões.
A intenção do governo é lançar as novas regras até o fim de agosto, quando haverá reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), colegiado responsável pela formulação da política de moeda e crédito. O conselho é formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
A intenção é quebrar o vínculo direto que existe hoje entre poupança e crédito imobiliário e incentivar a migração para fontes de financiamento (funding) de mercado, usando instrumentos que já existem, como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário).
Os ganhos obtidos pelas instituições com o uso flexível da poupança, por sua vez, seriam usados para manter juros menores no crédito habitacional, amenizando o repasse do custo de mercado para os mutuários. Simulações feitas pelos técnicos indicam que usar a poupança para fazer essa equalização é suficiente para manter estável o custo do crédito imobiliário para os tomadores.
Na prática, o novo modelo funcionará da seguinte maneira: o banco empresta R$ 100 em crédito imobiliário, tendo como fonte de recursos R$ 100 captados no mercado por meio de LCI. A concessão do financiamento habitacional desbloqueia R$ 100 da poupança para uso livre.
A ideia é que a transição seja feita de forma gradual, conforme os atuais contratos de financiamento forem sendo quitados, e os recursos da poupança, devolvidos. Hoje, o estoque de crédito com dinheiro do SBPE está em torno de R$ 800 bilhões, dos quais R$ 40 bilhões são amortizados (e concedidos novamente) todo ano.
O novo modelo, porém, já teria no primeiro ano um montante maior do que esses R$ 40 bilhões. Como a proposta dispensa o compulsório, outros R$ 8 bilhões (em números aproximados) ficarão disponíveis para as instituições financeiras e poderão ser acessados se elas concederem crédito imobiliário em valor correspondente.
Além disso, o governo vai alterar regras que hoje permitem contabilizar como crédito imobiliário operações do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), fundo público criado para regularizar passivos do antigo sistema de habitação, e prejuízos acumulados em função de aquisições feitas no passado.
A ideia é não mais permitir essa contabilização, pois não são operações típicas de crédito habitacional. Na prática, os bancos precisarão ampliar a concessão de financiamentos para seguir acessando os recursos da poupança. Só no FCVS, o estoque fica em torno de R$ 45 bilhões. O fim da contabilização (e a respectiva compensação via novas concessões de crédito) também será gradual, à medida que houver rolagem desses contratos antigos.
Na avaliação dos técnicos, a ampliação do crédito imobiliário a partir do novo modelo será exponencial no tempo, em parte por causa do prazo de cinco anos para uso livre dos recursos da poupança. Quando esse período chegar ao fim, os bancos precisarão conceder financiamentos não só para acessar novos recursos em meio à transição, mas também para manter o uso daqueles que já estão aplicados.
Segundo um participante das discussões, não haverá mudança nas regras do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão. Na prática, porém, como não haverá mais vinculação direta entre poupança e crédito imobiliário, as instituições terão mais discricionariedade para decidir como emprestar os recursos. A avaliação dos técnicos é que o SFH sozinho não conseguiria absorver toda a oferta de crédito que será gerada pelo novo modelo.
Ao quebrar a vinculação direta entre poupança e crédito habitacional, os técnicos também esperam criar condições para a securitização desses contratos, operação na qual o banco credor vende no mercado os direitos sobre a cobrança das parcelas. Ainda que mediante algum desconto, a instituição antecipa o recebimento dos valores e consegue ter mais fontes de recursos para conceder novos financiamentos.
Hoje, o mercado secundário de crédito imobiliário tem pouca viabilidade no Brasil, porque a maior parte dos contratos é remunerada por uma taxa de juros fixa mais TR (Taxa Referencial), abaixo dos retornos de mercado, usualmente atrelados a IPCA ou CDI mais algum ganho.
Essa segunda etapa, porém, também vai depender de outra medida em estudo no governo, para destravar a linha de crédito imobiliário atrelada ao IPCA.
Lançada em 2020, a modalidade perdeu atratividade após a aceleração da inflação, que fechou o ano de 2021 em 10,06% e deflagrou uma série de processos de portabilidade de financiamentos, devido ao impacto da correção sobre o saldo da dívida.
Nas condições atuais, a prestação inicial de um financiamento imobiliário corrigido pela inflação é até 30% menor do que um contrato atrelado à TR. A proposta é criar um adicional de amortização no começo do contrato, para que o mutuário comece pagando uma parcela mais próxima da que seria cobrada no contrato com TR. Se a inflação acelerar, em vez de a prestação subir, ela cairia menos do que o previsto pelo SAC (Sistema de Amortização Constante), ou ficaria no mesmo patamar.
Lula cobra programa com moradias para classe média
Lula fez queixa pública pela demora para lançar novo modelo de crédito voltado a pessoas com renda de até R$ 12 mil por mês
Fonte: Tribuna Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou uma cerimônia de entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida para cobrar os ministros Jader Filho (Cidades) e Rui Costa (Casa Civil), o presidente da Caixa, Carlos Vieira, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a demora para o lançamento de um novo modelo de financiamento para destravar a compra de imóveis no país, principalmente para a classe média.
“Fizemos a reunião em 24 de junho, me pediram 30 dias para apresentar a proposta definitiva. Já estamos no mês de agosto, tanto você, Jader, como o Carlos, como a Inês (Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa), como o Rui Costa, que está ouvindo aqui, como o presidente do Banco Central, me devem uma resposta porque já dobrou a data.”
Dos citados, apenas Galípolo não participou da cerimônia, seja de forma presencial ou virtual. Lula disse que o governo decidiu lançar "o maior programa habitacional da história deste país”.
A iniciativa é vista no Planalto como uma arma para impulsionar a popularidade do Presidente. No discurso, o petista falou em atender com o programa pessoas que ganham até R$ 12 mil por mês.
Para destravar o financiamento da casa própria para a classe média, as mudanças avaliadas pelo governo incluem flexibilizar o volume de recursos da poupança retido no Banco Central e criar mecanismo para aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo IPCA — índice oficial de inflação.
Os depósitos na poupança são a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário, mas sua participação vem caindo junto com redução no saldo da caderneta em meio ao aumento do acesso da população a aplicações financeiras mais rentáveis.
A ideia é permitir uma flexibilização nas regras que os bancos têm de seguir para aplicação dos recursos captados via poupança.
Atualmente, 65% dos depósitos são direcionados obrigatoriamente para crédito imobiliário, enquanto 20% ficam retidos no BC na forma de depósitos compulsórios e os outros 15% podem ser usados livremente pelos bancos.
Questionado sobre a cobrança, Jader Filho culpou o Banco Central pela demora.
“O Ministério entende que do valor (...) discutido pelo BC, pelo menos 80% deve permanecer para a habitação e que nós tenhamos um limite na taxa de juros. Os juros não podem ficar liberados.”
Sorocaba, Belém e Santo André lideram atratividade imobiliária no 2º trimestre, aponta índice
Levantamento mostra que Salvador teve o pior desempenho entre 77 municípios
Fonte: Folha
Sorocaba (SP), Belém (PA) e Santo André (SP) registraram os maiores saltos de atratividade imobiliária no segundo trimestre deste ano, de acordo com a nova edição do IDI (Índice de Demanda Imobiliária) Brasil. Já Salvador (BA) teve o pior desempenho do trimestre, recuando significativamente em todas as faixas de renda.
Apesar do avanço de cidades emergentes, capitais consolidadas mantêm a liderança: Curitiba (PR) segue à frente no segmento econômico, Goiânia (GO) assume o topo no médio padrão e São Paulo (SP) permanece dominante no alto padrão, além de aparecer entre as mais bem colocadas nas demais faixas de renda.
O levantamento avalia 77 municípios brasileiros com potencial para novos empreendimentos habitacionais e considera seis indicadores, incluindo demanda direta e dinâmica econômica. Os dados são fruto de uma parceria entre o Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, com apoio da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
O IDI-Brasil classifica as cidades em diferentes categorias de atratividade, que vão de muito baixa a muito alta, de acordo com sua pontuação no índice. Entre os indicadores usados para calcular a relevância estratégica para o mercado imobiliário estão: potencial de consumo, geração de renda e comportamento de leads (que avalia desde a captação de recursos até a interação com clientes).
Segundo Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge, a quarta edição do IDI-Brasil comprova a descentralização da demanda imobiliária.
Belém, que vinha de sequência negativa, reverteu a tendência e saltou 17 posições no médio padrão, alcançando a 18ª colocação. Analistas do setor atribuem parte desse avanço às expectativas em torno da COP 30, conferência climática da ONU que será sediada na cidade de 10 a 21 de novembro de 2025.
Curitiba lidera no segmento econômico
Voltado a famílias com renda de R$ 2.000 a R$ 12 mil, o segmento econômico tem Curitiba na liderança; São Paulo e Fortaleza (CE) dividem o segundo lugar.
Sorocaba subiu duas posições e assumiu o quinto lugar, ultrapassando cidades maiores como Recife (PE) e Porto Alegre (RS). Aracaju (SE) também teve bom desempenho, subindo três colocações.
Salvador, que vinha em alta no trimestre anterior, caiu seis posições e agora ocupa o 12º lugar. Segundo os analistas do estudo, o resultado é reflexo de maior concorrência e retração na demanda.
Goiânia assume liderança no médio padrão
Na faixa de renda entre R$ 12 mil e R$ 24 mil, Goiânia se destacou e ultrapassou São Paulo. A capital paulista e Curitiba assumiram o segundo e terceiro lugares.
Sorocaba também teve avanço expressivo nessa faixa, subindo oito posições até o quinto lugar e sendo o único município não capital entre os cinco mais atrativos. Belém, que vinha de uma sequência negativa, inverteu a tendência e saltou 17 posições, alcançando a 18ª colocação.
Santo André entra no alto padrão
Já no alto padrão, voltado a famílias com renda superior a R$ 24 mil, São Paulo permanece na liderança, seguida por Goiânia e Brasília —que superou Fortaleza, impulsionada por nova oferta e valorização dos empreendimentos.
Sorocaba ganhou nove posições e entrou no grupo das dez cidades mais atrativas também nesse segmento.
Já Santo André teve um salto de 12 posições e entrou no segmento. Embora ainda esteja na faixa de atratividade média, entrou definitivamente no radar de investidores.
01/08/2025
Nubank estuda sede em novo complexo imobiliário WTorre na região da Paulista
Construtora pretende erguer prédios no quarteirão onde ficava o Colégio São Luís
Fonte:Estadão
Após mais de um ano de estudos, o Nubank está em conversas avançadas sobre a sua nova sede. A Coluna apurou que o banco avalia a proposta de ocupar um novo complexo imobiliário que a WTorre planeja erguer na região da Avenida Paulista, na quadra entre as ruas Haddock Lobo, Bela Cintra e Luís Coelho. A confirmação depende de uma negociação em andamento e que envolve também a Ordem dos Jesuítas, dona do terreno. Um desfecho é esperado até o fim de agosto, segundo fontes.
A WTorre propôs à Ordem dos Jesuítas renovar toda a quadra, com duas novas torres corporativas, áreas de convenções e eventos, uma praça de convivência para o público e restaurantes.
O modelo de negócio é baseado numa concessão com duração de 50 anos. A Ordem dos Jesuítas receberia um aluguel mensal ao longo desse período e se beneficiaria da revitalização de um dos principais terrenos da cidade. A WTorre, por sua vez, faria a construção e exploração comercial dos imóveis, onde está previsto um banco como inquilino-âncora.
Banco conversa com consultorias sobre mudança
É aí que entraria o Nubank. Há tempos, o roxinho vem dizendo que gostaria de ir para uma nova sede em São Paulo, mas não um prédio qualquer. Desde que avisou sobre sua intenção há mais de um ano, o Nubank conversou com várias consultorias imobiliárias e construtoras, mas sem um acordo.
O banco digital quer um edifício icônico em localização nobre, desses que o pedestre faz uma selfie na frente. Caso contrário, já teria se mudado para a Chácara Santo Antonio, onde sobram prédios “triplo A”, aluguel atrativo, mas sem graça. Atualmente, os seus cerca de 8 mil funcionários estão espalhados em dois prédios em Pinheiros e um terceiro na Vila Leopoldina, este último fica dentro do Sparks, um complexo que combina áreas corporativas e de eventos culturais, detido pela Altre, incorporadora do grupo Votorantim.
Por sua vez, a WTorre vem numa crescente. A construtora já protagonizou obras importantes, como o Allianz Parque, o Complexo Iguatemi JK, o Estaleiro Rio Grande e dezenas de prédios comerciais ao redor do País, entre shoppings, escritórios, indústrias e centros de distribuição. Nos últimos anos, reestruturou sua dívida e voltou a crescer. Seus maiores investimentos, hoje, são na área de galpões logísticos.
Jesuítas ocupam a quadra há quase 100 anos
Já a Ordem dos Jesuítas chegou à Avenida Paulista há quase cem anos. Naquela quadra, encontra-se a Igreja São Luís Gonzaga, inaugurada em 1935. O imóvel é tombado e permanecerá intacto. Ao lado, está o edifício corporativo que leva o nome do mesmo santo. A parte central do quarteirão era ocupada pelo Colégio São Luís, que mudou de endereço em 2020, para a Vila Mariana. No mesmo quarteirão, há a famosa padaria Bella Paulista, que também continuará ali.
Procurado, o Nubank disse que os estudos “não devem ser considerados como decisões ou planos concretos” e acrescentou que realiza, continuamente, diversos estudos e consultas de mercado, para o planejamento de longo prazo. A Ordem dos Jesuítas não comentou. A WTorre não respondeu.
Construção civil lança plano de carreira para reverter apagão de mão de obra e atrair jovens em São Paulo
Sindicatos e empresários se unem para mudar imagem do setor que emprega 2,9 milhões de pessoas
Fonte: Folha
Com 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, a construção civil é um dos setores que mais empregam no Brasil. Mesmo assim, enfrenta hoje um apagão de mão de obra, especialmente entre os jovens que antes preenchiam as vagas de entrada. Para reverter essa tendência, empresários e sindicatos estão desenvolvendo um plano de carreira inédito, que busca mostrar o caminho da base ao topo —de aprendiz a mestre de obras.
"Temos hoje uma crise muito grande. Os entrantes, aprendizes e ajudantes, estão em falta. Eles respondem por 50% da nossa força de trabalho, e não estão mais vindo", afirma David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do Sinduscon-SP, o sindicato patronal da construção civil em São Paulo.
O problema, diz Fratel, já impacta o cronograma de obras em diversas regiões do país, com construtoras adiando fases de execução e lidando com falta de qualidade nas entregas.
Novos números
Para especialistas do setor, o desinteresse pela construção civil passa por uma combinação de fatores: percepção negativa sobre o trabalho braçal, ausência de referências de ascensão na profissão e concorrência com setores mais visíveis, como tecnologia, varejo e aplicativos.
Soma-se a isso o desgaste físico típico da função —longas jornadas sob sol, poeira, esforço repetitivo— que afasta parte da nova geração em busca de empregos com menos impacto no corpo e mais perspectiva de conforto
Segundo Fratel, o jovem não enxerga futuro na profissão, embora o setor ofereça salários acima da média em comparação com o comércio e os serviços.
"Hoje, o salário inicial varia de R$ 2.500 a R$ 6.000 por mês. Um pedreiro experiente pode ganhar entre R$ 13 mil e R$ 15 mil, e um mestre de obras pode ultrapassar os R$ 20 mil mensais, mesmo sem ensino superior."
O problema, diz Fratel, não é a remuneração, mas a falta de um modelo claro de progressão. "Ele não percebe que vai prosperar na carreira, porque ninguém mostrou como se faz isso", afirma.
Para mudar esse cenário, o Sinduscon-SP e o Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores) estão estruturando um plano de carreira nacional, com apoio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), para guiar o trabalhador da base até os cargos técnicos e de liderança.
Parte do plano é simbólica, mas estratégica. A ideia é abandonar termos como servente de pedreiro e adotar designações mais técnicas, como auxiliar de construção. O termo "pedreiro" também tende a desaparecer, substituído por funções como "montador de drywall" ou "instalador de infraestrutura".
Segundo Antônio de Souza Ramalho, presidente do Sinduscon-SP, a mudança tentará combater o preconceito social embutido nos títulos tradicionais.
No plano de carreira, o trabalhador ingressa como aprendiz e, após 90 dias de experiência, já poderá ser promovido a meio-oficial, sendo efetivado e elegível para cursos de qualificação em áreas como carpintaria, azulejista, instalações hidráulicas entre outras. Em até um ano, esse profissional pode alcançar o cargo de trabalhador qualificado, atuando em sua especialidade. A cada promoção, seu salário é reajustado.
"Temos que construir juntos uma saída [para a falta de mão de obra] e com dignidade. A pessoa tem que ter orgulho em trabalhar com construção", afirma Ramalho.
Plano de carreira da construção civil
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Salário inicial acima do comércio; em São Paulo e região metropolitana, os valores são a partir de R$ 2.189,97 (segundo convenção coletiva*)
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Nomenclaturas mais valorizadas: "servente" vira "auxiliar de construção"; "pedreiro" pode ser "montador de drywall" ou "instalador de infraestrutura"
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Formação contínua pela parceria com o Senai para capacitação prática e teórica por etapas
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Evolução planejada da função básica até cargos como mestre de obras (R$ 20 mil/mês)
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Inclusão de jovens, mulheres e imigrantes: com ações afirmativas e qualificação no canteiro
De acordo com a Convenção Coletiva 2025/2026, em vigor desde maio, os pisos salariais para São Paulo, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Franco da Rocha, Mairiporã, Caieiras, Juquitiba, Francisco Morato e São Lourenço da Serra:
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Aprendiz (antigo servente, não qualificado): R$ 2.189,97
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Meio-oficial (em qualificação): R$ 2.427,36
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Trabalhador qualificado (como pedreiro, carpinteiro, eletricista etc.): R$ 2.664,75
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Obras industriais especializadas: R$ 3.192,39
(*) A convenção paulista também reforça benefícios como vale-refeição de R$ 31,80 por dia e vale-supermercado de R$ 485 por mês. Além disso, trabalhadores recebem seguro de vida, café da manhã e lanche nos canteiros.
QUALIFICAÇÃO E DIVERSIDADE PARA PREENCHER ÁREAS TÉCNICAS
As principais profissões em falta na construção civil são pedreiro, eletricista e bombeiro hidráulico, afirmou Wellington Moraes, analista administrativo da Direcional Engenharia, durante um mutirão de empregos conduzido pelo Sindicato dos Comerciários. "Serventes, por exemplo, temos bastante. Mas essas outras funções exigem experiência", explicou.
Segundo ele, a empresa tem investido em formação interna, capacitando trabalhadores que entram como serventes para que evoluam a funções mais técnicas nos canteiros de obras.
Parte dos contratados são mulheres e imigrantes africanos acolhidos por instituições assistenciais, com quem a empresa mantém parceria.
"Mais do que buscar no mercado profissionais já prontos, estamos comprometidos em formar talentos, gerar inclusão e criar oportunidades reais de desenvolvimento humano e profissional", afirma Gláucia Brasileiro, superintendente administrativa de obras.
Foi por meio dessa estratégia que Darcilene Barbosa Vello, 44, encontrou uma nova carreira. Desempregada havia três meses, ela soube pelo cunhado, que já trabalhava na Direcional, que a empresa estava contratando mulheres.
"Participei da seleção e fui indicada. Entrei como ajudante e fiz o curso de elétrica oferecido pela empresa em parceria com o Senai. Foi gratuito e ganhamos diploma. Me encantei pela elétrica", conta Darcilene.
Ela diz que o início não foi fácil por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino. "Os meninos têm um pouco de resistência. Quando você entra, é novo tanto para nós quanto para eles, então você tem que conquistar seu espaço e a confiança deles", diz.
Hoje eletricista e estudante de geografia, ela trabalha com apoio de um engenheiro e de colegas homens, e acredita que as mulheres têm muito a agregar à construção civil.
"Antes, eu via os meninos trabalhando e achava muito difícil. Continua difícil, mas é mais gostoso. Tudo que a gente aprende nunca é perdido. Quero me aprimorar ainda mais e penso em fazer o curso de hidráulica agora. Meu sonho é ser a primeira encarregada mulher da Direcional", afirma Darcilene.
Outro exemplo é o do angolano Mingi Masiya, 34. O imigrante encontrou a vaga na construção por meio do CAT (Centro de Apoio ao Trabalho), da prefeitura de São Paulo.
"Já fiz muita coisa desde que entrei. Estou aprendendo na área elétrica, mas entrei como servente e ainda estou exercendo essa função", diz.
Masiya já aprendeu a fazer instalações de fiaç ão e luminárias. "Primeiro o encarregado explica, depois colocamos na prática. Meu sonho é ser profissional, ter uma vida equilibrada e trabalhar num lugar onde eu me sinta à vontade."
A Benx Incorporadora também tem apostado na inclusão de mulheres em áreas técnicas e de gestão. No megaprojeto Parque Global, em São Paulo, a equipe própria da empresa tem equilíbrio de gênero: são 26 mulheres e 26 homens. E 100% das áreas de gestão da obra contam com presença feminina, incluindo cargos de diretoria, engenharia, segurança, meio ambiente e planejamento.
"É gratificante como mulher e líder desse projeto poder contribuir para a geração dessas oportunidades", afirma Patrícia Neves, diretora do empreendimento. Ela lembra que 30% das mulheres foram contratadas em seu primeiro emprego, como estagiárias ou aprendizes. Duas já foram efetivadas como engenheiras neste ano.
A empresa aposta em formação prática, mentoria e treinamentos de cultura organizacional, com foco em desenvolver talentos para cargos técnicos. "Mulheres trazem um olhar diferente para inovação e gestão de pessoas. Equipes diversas são mais produtivas e engajadas", diz Patrícia.
A construção foi o quarto setor da economia que mais gerou empregos em abril de 2025, ficando atrás de serviços, comércio, indústria e na frente da agropecuária. No primeiro quadrimestre, o setor empregou mais de 135 mil trabalhadores.
ONU faz acordo por emprego formal a migrantes em SP na construção civil
Em meio a uma escassez de mão de obra, parceria quer facilitar formalização desse público
Fonte: Folha
O Sinduscon-SP, sindicato patronal da construção civil em São Paulo, e a OIM (Organização Internacional para as Migrações), ligada à ONU, firmaram um memorando de entendimento nesta quarta (30) para promover emprego a imigrantes no estado.
O pacto ocorre em meio à escassez de trabalhadores qualificados no mercado de trabalho brasileiro, que atinge mais fortemente a construção civil.
Pelo acordo, um plano de ações de qualificação e empregabilidade será executado para facilitar o acesso dos estrangeiros ao mercado formal, com oportunidades de aprendizado e garantias trabalhistas.
O Sinduscon-SP destaca que o setor tem baixa barreira de entrada, favorecendo a inserção de imigrantes mesmo sem domínio do idioma português ou formação técnica.
Segundo levantamento da FGV, as reclamações de empregadores do setor por falta de mão de obra atingiram o maior patamar desde 2014, quando o Brasil afundou em uma crise econômica.
Historicamente, a construção civil é um dos setores que mais empregam migrantes no Brasil.
As cidades que a WTorre escolheu para investir em galpões
Fonte: Metro Quadrado
Com planos de investir R$ 1 bilhão no mercado logístico por ano, a WTorre vai direcionar cerca de metade desse recurso para construir galpões fora do raio 30 de São Paulo.
Um dos projetos fica em Goiânia e está em fase de aprovação. O empreendimento terá no mínimo 80 mil metros quadrados, e exigirá um investimento entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões.
Uma pré-locação do ativo já está encaminhada e outras estão em prospecção. A desenvolvedora estuda abrir também uma área especulativa no imóvel.
“O projeto tem sido recebido de forma positiva por potenciais inquilinos pela qualidade, então uma das possibilidades é um movimento de flight to quality para nosso ativo,” o CEO Marco Siqueira disse ao Metro Quadrado.
A desenvolvedora também toca dois projetos no interior de São Paulo que somam 100 mil m² e exigirão uma média de R$ 400 milhões milhões em investimento.
Um deles é um built-to-suit (BTS) na região de Araçatuba, enquanto o outro, em Ribeirão Preto, tem uma pré-locação e áreas para especulação.
O plano é atrair mais inquilinos com uma qualidade construtiva e infraestrutura que não é encontrada em outros ativos nos arredores.
Embora a cidade de São Paulo seja o maior mercado consumidor e muitos investidores estejam desenvolvendo projetos no entorno da capital, há também um avanço da oferta de galpões em outras regiões, com o intuito de atender à demanda de consumidores por um frete mais rápido.
“É uma estratégia que acompanha o movimento logístico nacional. Em São Paulo já estamos acostumados a receber a encomenda no mesmo dia e essa deve ser a realidade em cada vez mais cidades, a começar pelas grandes,” Siqueira disse.
Além de impulso do ecommerce, outro fator que levou a companhia a apostar na tese é o fim dos incentivos fiscais em regiões que cresceram apoiadas principalmente nos benefícios tributários, como Extrema, em Minas Gerais.
“Isso fará com que a logística seja muito mais determinada pelo polo consumidor, os corredores logísticos e a dinâmica da movimentação de carga entre os mercados produtores e consumidores,” ele disse.
A WTorre busca fortalecer a presença em locais onde vê essa tendência e tem mais de 3 milhões de m² em terrenos já identificados e com “algum acordo com o terrenista” para possíveis desenvolvimentos.
“Hoje temos visto no interior de São Paulo um vetor super importante, assim como o norte do Paraná.
Também olhamos para outras praças de maneira oportunística, como Hidrolândia, em Goiás, e Simões Filho, na Bahia.”
Mas apesar de apostar na tese da descentralização, a incorporadora não vai deixar de trabalhar projetos em mercados já consolidados, como a região de Cajamar.
A 29 quilômetros de São Paulo, a cidade atrai grandes players logísticos justamente pela proximidade com a capital paulista. A taxa de vacância é de 11,5% e o preço médio de locação dos galpões fica em R$ 26,34 por m², acima da média nacional de R$ 24,41 por m², segundo dados da Cushman & Wakefield.
De acordo com o CEO da WTorre, a alta procura gera um estresse na infraestrutura de Cajamar, mas há uma alternativa próxima, a cidade de Franco da Rocha, que pode ajudar a suprir a demanda e mitigar os desafios.
A incorporadora é dona de um terreno de um milhão de m² na cidade que já foi preparado e pode receber um empreendimento de cerca de 300 mil m². Não há perspectiva de lançamento de projeto neste ano, mas a WTorre espera consumir a área até o início de 2027.
No landbank há ainda um terreno de 400 mil m² na própria Cajamar e outros 100 mil a 500 mil m² em prospecção na região.