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NOTÍCIAS MERCADO IMOBILIÁRIO

01/08/2025

Nubank estuda sede em novo complexo imobiliário WTorre na região da Paulista

Construtora pretende erguer prédios no quarteirão onde ficava o Colégio São Luís

 

Fonte:Estadão

 

Após mais de um ano de estudos, o Nubank está em conversas avançadas sobre a sua nova sede. A Coluna apurou que o banco avalia a proposta de ocupar um novo complexo imobiliário que a WTorre planeja erguer na região da Avenida Paulista, na quadra entre as ruas Haddock Lobo, Bela Cintra e Luís Coelho. A confirmação depende de uma negociação em andamento e que envolve também a Ordem dos Jesuítas, dona do terreno. Um desfecho é esperado até o fim de agosto, segundo fontes.

 

A WTorre propôs à Ordem dos Jesuítas renovar toda a quadra, com duas novas torres corporativas, áreas de convenções e eventos, uma praça de convivência para o público e restaurantes.

 

O modelo de negócio é baseado numa concessão com duração de 50 anos. A Ordem dos Jesuítas receberia um aluguel mensal ao longo desse período e se beneficiaria da revitalização de um dos principais terrenos da cidade. A WTorre, por sua vez, faria a construção e exploração comercial dos imóveis, onde está previsto um banco como inquilino-âncora.

 

Banco conversa com consultorias sobre mudança

 

É aí que entraria o Nubank. Há tempos, o roxinho vem dizendo que gostaria de ir para uma nova sede em São Paulo, mas não um prédio qualquer. Desde que avisou sobre sua intenção há mais de um ano, o Nubank conversou com várias consultorias imobiliárias e construtoras, mas sem um acordo.

 

O banco digital quer um edifício icônico em localização nobre, desses que o pedestre faz uma selfie na frente. Caso contrário, já teria se mudado para a Chácara Santo Antonio, onde sobram prédios “triplo A”, aluguel atrativo, mas sem graça. Atualmente, os seus cerca de 8 mil funcionários estão espalhados em dois prédios em Pinheiros e um terceiro na Vila Leopoldina, este último fica dentro do Sparks, um complexo que combina áreas corporativas e de eventos culturais, detido pela Altre, incorporadora do grupo Votorantim.

 

Por sua vez, a WTorre vem numa crescente. A construtora já protagonizou obras importantes, como o Allianz Parque, o Complexo Iguatemi JK, o Estaleiro Rio Grande e dezenas de prédios comerciais ao redor do País, entre shoppings, escritórios, indústrias e centros de distribuição. Nos últimos anos, reestruturou sua dívida e voltou a crescer. Seus maiores investimentos, hoje, são na área de galpões logísticos.

 

Jesuítas ocupam a quadra há quase 100 anos

 

Já a Ordem dos Jesuítas chegou à Avenida Paulista há quase cem anos. Naquela quadra, encontra-se a Igreja São Luís Gonzaga, inaugurada em 1935. O imóvel é tombado e permanecerá intacto. Ao lado, está o edifício corporativo que leva o nome do mesmo santo. A parte central do quarteirão era ocupada pelo Colégio São Luís, que mudou de endereço em 2020, para a Vila Mariana. No mesmo quarteirão, há a famosa padaria Bella Paulista, que também continuará ali.

 

Procurado, o Nubank disse que os estudos “não devem ser considerados como decisões ou planos concretos” e acrescentou que realiza, continuamente, diversos estudos e consultas de mercado, para o planejamento de longo prazo. A Ordem dos Jesuítas não comentou. A WTorre não respondeu.

 

 

Construção civil lança plano de carreira para reverter apagão de mão de obra e atrair jovens em São Paulo

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Sindicatos e empresários se unem para mudar imagem do setor que emprega 2,9 milhões de pessoas

 

Fonte: Folha

 

Com 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, a construção civil é um dos setores que mais empregam no Brasil. Mesmo assim, enfrenta hoje um apagão de mão de obra, especialmente entre os jovens que antes preenchiam as vagas de entrada. Para reverter essa tendência, empresários e sindicatos estão desenvolvendo um plano de carreira inédito, que busca mostrar o caminho da base ao topo —de aprendiz a mestre de obras.

 

"Temos hoje uma crise muito grande. Os entrantes, aprendizes e ajudantes, estão em falta. Eles respondem por 50% da nossa força de trabalho, e não estão mais vindo", afirma David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do Sinduscon-SP, o sindicato patronal da construção civil em São Paulo.

 

O problema, diz Fratel, já impacta o cronograma de obras em diversas regiões do país, com construtoras adiando fases de execução e lidando com falta de qualidade nas entregas.

 

Novos números

 

Para especialistas do setor, o desinteresse pela construção civil passa por uma combinação de fatores: percepção negativa sobre o trabalho braçal, ausência de referências de ascensão na profissão e concorrência com setores mais visíveis, como tecnologia, varejo e aplicativos.

 

Soma-se a isso o desgaste físico típico da função —longas jornadas sob sol, poeira, esforço repetitivo— que afasta parte da nova geração em busca de empregos com menos impacto no corpo e mais perspectiva de conforto

 

Segundo Fratel, o jovem não enxerga futuro na profissão, embora o setor ofereça salários acima da média em comparação com o comércio e os serviços.

 

"Hoje, o salário inicial varia de R$ 2.500 a R$ 6.000 por mês. Um pedreiro experiente pode ganhar entre R$ 13 mil e R$ 15 mil, e um mestre de obras pode ultrapassar os R$ 20 mil mensais, mesmo sem ensino superior."

 

O problema, diz Fratel, não é a remuneração, mas a falta de um modelo claro de progressão. "Ele não percebe que vai prosperar na carreira, porque ninguém mostrou como se faz isso", afirma.

 

Para mudar esse cenário, o Sinduscon-SP e o Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores) estão estruturando um plano de carreira nacional, com apoio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), para guiar o trabalhador da base até os cargos técnicos e de liderança.

 

Parte do plano é simbólica, mas estratégica. A ideia é abandonar termos como servente de pedreiro e adotar designações mais técnicas, como auxiliar de construção. O termo "pedreiro" também tende a desaparecer, substituído por funções como "montador de drywall" ou "instalador de infraestrutura".

 

Segundo Antônio de Souza Ramalho, presidente do Sinduscon-SP, a mudança tentará combater o preconceito social embutido nos títulos tradicionais.

 

No plano de carreira, o trabalhador ingressa como aprendiz e, após 90 dias de experiência, já poderá ser promovido a meio-oficial, sendo efetivado e elegível para cursos de qualificação em áreas como carpintaria, azulejista, instalações hidráulicas entre outras. Em até um ano, esse profissional pode alcançar o cargo de trabalhador qualificado, atuando em sua especialidade. A cada promoção, seu salário é reajustado.

 

"Temos que construir juntos uma saída [para a falta de mão de obra] e com dignidade. A pessoa tem que ter orgulho em trabalhar com construção", afirma Ramalho.

 

Plano de carreira da construção civil

 

  • Salário inicial acima do comércio; em São Paulo e região metropolitana, os valores são a partir de R$ 2.189,97 (segundo convenção coletiva*)

  • Nomenclaturas mais valorizadas: "servente" vira "auxiliar de construção"; "pedreiro" pode ser "montador de drywall" ou "instalador de infraestrutura"

  • Formação contínua pela parceria com o Senai para capacitação prática e teórica por etapas

  • Evolução planejada da função básica até cargos como mestre de obras (R$ 20 mil/mês)

  • Inclusão de jovens, mulheres e imigrantes: com ações afirmativas e qualificação no canteiro

 

De acordo com a Convenção Coletiva 2025/2026, em vigor desde maio, os pisos salariais para São Paulo, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Franco da Rocha, Mairiporã, Caieiras, Juquitiba, Francisco Morato e São Lourenço da Serra:

 

  • Aprendiz (antigo servente, não qualificado): R$ 2.189,97

  • Meio-oficial (em qualificação): R$ 2.427,36

  • Trabalhador qualificado (como pedreiro, carpinteiro, eletricista etc.): R$ 2.664,75

  • Obras industriais especializadas: R$ 3.192,39

 

(*) A convenção paulista também reforça benefícios como vale-refeição de R$ 31,80 por dia e vale-supermercado de R$ 485 por mês. Além disso, trabalhadores recebem seguro de vida, café da manhã e lanche nos canteiros.

 

QUALIFICAÇÃO E DIVERSIDADE PARA PREENCHER ÁREAS TÉCNICAS

 

As principais profissões em falta na construção civil são pedreiro, eletricista e bombeiro hidráulico, afirmou Wellington Moraes, analista administrativo da Direcional Engenharia, durante um mutirão de empregos conduzido pelo Sindicato dos Comerciários. "Serventes, por exemplo, temos bastante. Mas essas outras funções exigem experiência", explicou.

 

Segundo ele, a empresa tem investido em formação interna, capacitando trabalhadores que entram como serventes para que evoluam a funções mais técnicas nos canteiros de obras.

 

Parte dos contratados são mulheres e imigrantes africanos acolhidos por instituições assistenciais, com quem a empresa mantém parceria.

 

"Mais do que buscar no mercado profissionais já prontos, estamos comprometidos em formar talentos, gerar inclusão e criar oportunidades reais de desenvolvimento humano e profissional", afirma Gláucia Brasileiro, superintendente administrativa de obras.

 

Foi por meio dessa estratégia que Darcilene Barbosa Vello, 44, encontrou uma nova carreira. Desempregada havia três meses, ela soube pelo cunhado, que já trabalhava na Direcional, que a empresa estava contratando mulheres.

 

"Participei da seleção e fui indicada. Entrei como ajudante e fiz o curso de elétrica oferecido pela empresa em parceria com o Senai. Foi gratuito e ganhamos diploma. Me encantei pela elétrica", conta Darcilene.

 

Ela diz que o início não foi fácil por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino. "Os meninos têm um pouco de resistência. Quando você entra, é novo tanto para nós quanto para eles, então você tem que conquistar seu espaço e a confiança deles", diz.

 

Hoje eletricista e estudante de geografia, ela trabalha com apoio de um engenheiro e de colegas homens, e acredita que as mulheres têm muito a agregar à construção civil.

 

"Antes, eu via os meninos trabalhando e achava muito difícil. Continua difícil, mas é mais gostoso. Tudo que a gente aprende nunca é perdido. Quero me aprimorar ainda mais e penso em fazer o curso de hidráulica agora. Meu sonho é ser a primeira encarregada mulher da Direcional", afirma Darcilene.

 

Outro exemplo é o do angolano Mingi Masiya, 34. O imigrante encontrou a vaga na construção por meio do CAT (Centro de Apoio ao Trabalho), da prefeitura de São Paulo.

 

"Já fiz muita coisa desde que entrei. Estou aprendendo na área elétrica, mas entrei como servente e ainda estou exercendo essa função", diz.

 

Masiya já aprendeu a fazer instalações de fiaç ão e luminárias. "Primeiro o encarregado explica, depois colocamos na prática. Meu sonho é ser profissional, ter uma vida equilibrada e trabalhar num lugar onde eu me sinta à vontade."

 

A Benx Incorporadora também tem apostado na inclusão de mulheres em áreas técnicas e de gestão. No megaprojeto Parque Global, em São Paulo, a equipe própria da empresa tem equilíbrio de gênero: são 26 mulheres e 26 homens. E 100% das áreas de gestão da obra contam com presença feminina, incluindo cargos de diretoria, engenharia, segurança, meio ambiente e planejamento.

 

"É gratificante como mulher e líder desse projeto poder contribuir para a geração dessas oportunidades", afirma Patrícia Neves, diretora do empreendimento. Ela lembra que 30% das mulheres foram contratadas em seu primeiro emprego, como estagiárias ou aprendizes. Duas já foram efetivadas como engenheiras neste ano.

 

A empresa aposta em formação prática, mentoria e treinamentos de cultura organizacional, com foco em desenvolver talentos para cargos técnicos. "Mulheres trazem um olhar diferente para inovação e gestão de pessoas. Equipes diversas são mais produtivas e engajadas", diz Patrícia.

 

A construção foi o quarto setor da economia que mais gerou empregos em abril de 2025, ficando atrás de serviços, comércio, indústria e na frente da agropecuária. No primeiro quadrimestre, o setor empregou mais de 135 mil trabalhadores.

 

ONU faz acordo por emprego formal a migrantes em SP na construção civil

 

Em meio a uma escassez de mão de obra, parceria quer facilitar formalização desse público

 

Fonte: Folha

 

O Sinduscon-SP, sindicato patronal da construção civil em São Paulo, e a OIM (Organização Internacional para as Migrações), ligada à ONU, firmaram um memorando de entendimento nesta quarta (30) para promover emprego a imigrantes no estado.

 

O pacto ocorre em meio à escassez de trabalhadores qualificados no mercado de trabalho brasileiro, que atinge mais fortemente a construção civil.

 

Pelo acordo, um plano de ações de qualificação e empregabilidade será executado para facilitar o acesso dos estrangeiros ao mercado formal, com oportunidades de aprendizado e garantias trabalhistas.

 

O Sinduscon-SP destaca que o setor tem baixa barreira de entrada, favorecendo a inserção de imigrantes mesmo sem domínio do idioma português ou formação técnica.

 

Segundo levantamento da FGV, as reclamações de empregadores do setor por falta de mão de obra atingiram o maior patamar desde 2014, quando o Brasil afundou em uma crise econômica.

 

Historicamente, a construção civil é um dos setores que mais empregam migrantes no Brasil.

 

As cidades que a WTorre escolheu para investir em galpões

 

Fonte: Metro Quadrado

 

Com planos de investir R$ 1 bilhão no mercado logístico por ano, a WTorre vai direcionar cerca de metade desse recurso para construir galpões fora do raio 30 de São Paulo.

 

Um dos projetos fica em Goiânia e está em fase de aprovação. O empreendimento terá no mínimo 80 mil metros quadrados, e exigirá um investimento entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões.

 

Uma pré-locação do ativo já está encaminhada e outras estão em prospecção. A desenvolvedora estuda abrir também uma área especulativa no imóvel.

 

“O projeto tem sido recebido de forma positiva por potenciais inquilinos pela qualidade, então uma das possibilidades é um movimento de flight to quality para nosso ativo,” o CEO Marco Siqueira disse ao Metro Quadrado.

 

A desenvolvedora também toca dois projetos no interior de São Paulo que somam 100 mil m² e exigirão uma média de R$ 400 milhões milhões em investimento.

 

Um deles é um built-to-suit (BTS) na região de Araçatuba, enquanto o outro, em Ribeirão Preto, tem uma pré-locação e áreas para especulação.

 

O plano é atrair mais inquilinos com uma qualidade construtiva e infraestrutura que não é encontrada em outros ativos nos arredores.

 

Embora a cidade de São Paulo seja o maior mercado consumidor e muitos investidores estejam desenvolvendo projetos no entorno da capital, há também um avanço da oferta de galpões em outras regiões, com o intuito de atender à demanda de consumidores por um frete mais rápido.

 

“É uma estratégia que acompanha o movimento logístico nacional. Em São Paulo já estamos acostumados a receber a encomenda no mesmo dia e essa deve ser a realidade em cada vez mais cidades, a começar pelas grandes,” Siqueira disse.

 

Além de impulso do ecommerce, outro fator que levou a companhia a apostar na tese é o fim dos incentivos fiscais em regiões que cresceram apoiadas principalmente nos benefícios tributários, como Extrema, em Minas Gerais.

 

“Isso fará com que a logística seja muito mais determinada pelo polo consumidor, os corredores logísticos e a dinâmica da movimentação de carga entre os mercados produtores e consumidores,” ele disse.

 

A WTorre busca fortalecer a presença em locais onde vê essa tendência e tem mais de 3 milhões de m² em terrenos já identificados e com “algum acordo com o terrenista” para possíveis desenvolvimentos.

 

“Hoje temos visto no interior de São Paulo um vetor super importante, assim como o norte do Paraná.

 

Também olhamos para outras praças de maneira oportunística, como Hidrolândia, em Goiás, e Simões Filho, na Bahia.”

 

Mas apesar de apostar na tese da descentralização, a incorporadora não vai deixar de trabalhar projetos em mercados já consolidados, como a região de Cajamar.

 

A 29 quilômetros de São Paulo, a cidade atrai grandes players logísticos justamente pela proximidade com a capital paulista. A taxa de vacância é de 11,5% e o preço médio de locação dos galpões fica em R$ 26,34 por m², acima da média nacional de R$ 24,41 por m², segundo dados da Cushman & Wakefield.

 

De acordo com o CEO da WTorre, a alta procura gera um estresse na infraestrutura de Cajamar, mas há uma alternativa próxima, a cidade de Franco da Rocha, que pode ajudar a suprir a demanda e mitigar os desafios.

 

A incorporadora é dona de um terreno de um milhão de m² na cidade que já foi preparado e pode receber um empreendimento de cerca de 300 mil m². Não há perspectiva de lançamento de projeto neste ano, mas a WTorre espera consumir a área até o início de 2027.

 

No landbank há ainda um terreno de 400 mil m² na própria Cajamar e outros 100 mil a 500 mil m² em prospecção na região.

 

30/07/2025

Rua Augusta renasce como destino de projetos imobiliários

Quando a agitação da vida noturna acaba, é a construção civil quem movimenta as quadras da Rua Augusta.

 

Fonte: Metro Quadrado

 

Reduto da cena underground de São Paulo, a via voltou a atrair os olhares das incorporadoras, depois da última revisão do Plano Diretor, feita em 2023.

 

A Augusta do lado Bela Vista deixou de ser uma Zona Mista para se transformar em Zona de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEU).

 

Na prática, isso significa mais metros quadrados por terreno e um novo racional financeiro, já que o maior potencial construtivo eleva o retorno das incorporadoras.

 

Outro atrativo para construir é a presença já consolidada do comércio local e de centros culturais, um fator que pesa na decisão de compradores atraídos pela oferta de transporte público e maior

mobilidade.

 

Hoje, a rua conta com 11 empreendimentos residenciais em fase de lançamento ou em obras, o que já representa quase dois terços dos 18 projetos recebidos ao longo dos últimos 10 anos, segundo dados da consultoria Binswanger.

 

Por ter sido deixada de lado durante esse período, a Augusta ainda tem um landbank relevante.

 

Para formar terrenos, as incorporadoras têm comprado antigas agências bancárias, imóveis comerciais menores e estudam a aquisição de edifícios que possam ser substituídos por torres residenciais.

 

A Fibra Experts, por exemplo, está prestes a fechar a compra de um terreno na via para lançar um edifício, apurou o Metro Quadrado. Após adquirir um terreno, a Vitacon também prepara um novo projeto na região para o segundo semestre.

 

Mas nem sempre a Augusta despertou o interesse das incorporadoras, ou ocupou o imaginário como espaço de diversidade e contracultura.

 

Em 1897, a prefeitura inaugurou a via como conexão entre a Paulista e o centro, que até então era o principal eixo financeiro da capital. Nos anos seguintes, a rua atraiu colégios e lojas de luxo.

 

A vocação para imóveis de uso misto surgiu logo com a verticalização: comércio no térreo, moradia nos andares de cima.

 

O padrão se manteve até os anos 1960, quando o avanço do trânsito e da violência empurrou moradores para bairros como Higienópolis e Morumbi.

 

Com a saída da elite, os preços caíram e, nos anos 1970, a prostituição ganhou espaço. Décadas depois, com a migração do centro econômico para a Faria Lima, parte desse comércio sexual perdeu força — mas a rua seguiu viva no imaginário cultural.

 

A vocação do uso misto dos terrenos tem prevalecido nos últimos lançamentos de incorporadoras como Vitacon, Housi, Patriani e One Innovation, entre outras.

 

O perfil e tamanho dos imóveis varia conforme a localização.

 

Na Bela Vista, a média das unidades é de 33 m²; nos Jardins, 77 m², segundo a Binswanger. O preço acompanha essa diferença: o metro quadrado pode chegar a R$ 35 mil no trecho mais valorizado, contra R$ 20 mil nas quadras em transição.

 

A One Innovation escolheu a região do “Baixo Augusta” – mais próxima do centro – para lançar o Nex One Parque Augusta, um multifamily com 504 unidades e VGV estimado em R$ 220 milhões.

 

O foco está em investidores de fora da capital: 69% dos compradores vêm de outras cidades. Com 86% das unidades comercializadas, o Nex One está previsto para ser entregue em 2028.

 

“É um lugar que todo mundo conhece e gosta da história. A rua Augusta está pulsando novamente,” diz Patrícia Torrente, diretora de marketing da incorporadora. “Muitos dos nossos clientes conhecem mais a Consolação e a Augusta do que, por exemplo, Higienópolis.”

 

Para Valter Caldana, urbanista e professor de Arquitetura do Mackenzie, o avanço da iniciativa privada na região poderia ser mais forte se o poder público tivesse um projeto urbanístico estruturado para a via.

 

“Bairros como o Soho, em Nova York, ou o Marais, em Paris, são exemplos de transformação urbana liderada por investimentos imobiliários – mas com coordenação,” diz.

 

Segundo ele, São Paulo tem terreno e capital. “O que falta é um plano que organize esse potencial.”

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Imóveis para famílias perdem 36% de área em 20 anos em SP

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No Minha Casa, Minha Vida, unidade média tem de 32 a 37 metros quadrados; custo de produção provoca a queda, segundo o setor

 

Fonte: Valor

 

Apartamentos de dois quartos, comercializados para famílias e principal produto do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), perderam 22 metros quadrados em duas décadas em São Paulo, segundo dados do Secovi-SP, sindicato do setor imobiliário. No ano passado, a área média dos imóveis desse tipo lançados na cidade foi de 38,6 m2.

 

A arquiteta e engenheira Beatriz Mélo, do Studio Arthur Casas, percebeu que, além de menores, os apartamentos estão parecidos. Em seu trabalho de conclusão dos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil, na Universidade de São Paulo (USP), ela buscou a causa da semelhança. A “otimização” dos apartamentos levou à alteração da configuração e do tamanho dos cômodos, e à extinção do corredor, com prevalência das plantas “borboleta”, na qual os quartos são separados pela sala.

 

Em sua pesquisa, Mélo levantou as plantas mais comuns em imóveis de dois quartos lançados na cidade desde os anos 1980, e constatou uma perda ainda maior de espaço: os imóveis passaram de 75 m2 para 49 m2 nos anos 2000 e a apenas 34 m2 na década atual, uma perda de 55%.

 

O setor produtivo reconhece que os imóveis estão menores, mas afirma que as famílias também estão. “Pesquisas internas da empresa indicam que a família média brasileira é composta por até três pessoas”, afirma Amanda Bezerra, diretora de produto e inovação da incorporadora Tenda.

 

Muitos decidem ter só um filho, nenhum ou mesmo apenas um pet, lembra Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano.

 

As duas empresas produzem unidades que se enquadram no MCMV. Segundo Luiz França, diretor da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os imóveis do programa têm hoje, em média, de 32 a 37 m2. Ao mesmo tempo, as vendas de unidades estão em ascensão, o que indicaria que têm encontrado receptividade entre os consumidores. 

 

Mélo visitou apartamentos decorados em estandes e viu técnicas usadas para dar sensação de amplitude, como paredes de vidro ou com elementos vazados no lugar de barreiras que serão reais.

 

Também chamou sua atenção a falta de ergonomia. Em algumas plantas, “quando você senta na cadeira e tenta abrir a geladeira, não funciona, um móvel bate no outro”, diz.

 

Incorporadoras do MCMV defendem que seus imóveis seguem o código de obras da cidade e que as plantas são testadas com móveis de lojas comuns, sem necessidade de adaptações.

 

Há mudanças de estilo de vida e dos equipamentos das casas, afirmam, como o uso de lavanderia coletiva e espaço para “coworking”. “Cooktops” e “air fryers” substituem o forno, e a máquina lava e seca dispensa o varal. O espaço para armazenar roupas e itens domésticos, porém, é comprometido.

 

A diminuição da área é uma forma de manter o preço acessível aos consumidores, afirmam as empresas, conforme o custo dos terrenos e da obra sobe. “É muito ideológico falar que a pessoa precisa morar em uma casa com 50 m2, com varanda e janelas amplas, se isso não se viabiliza no bolso”, diz Silveira.

 

Para conseguir produzir habitação em áreas com infraestrutura, onde os terrenos são mais caros, a pressão sobre o preço é ainda maior, afirma Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da Cury.

 

Segundo ele, no começo do MCMV houve um equívoco de focar mais em exigências de tipologia, que só eram viáveis onde a terra fosse mais barata. “Isso acabou gerando um MCMV extremamente periférico”, diz.

 

Philip Yang, fundador do Instituto Urbem, pondera que os programas de habitação deveriam buscar um equilíbrio entre os interesses do mercado, que exige que a atividade seja comercialmente atrativa, e uma regulação que busque imóveis de qualidade.

 

Na maior parte da produção do MCMV, financiada com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), não há requisitos mínimos para o tamanho da unidade. “O programa não determina qual é o imóvel, ele tem que dar o financiamento, você que vai escolher”, afirma o Ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB). O atual governo tinha a meta de atingir 1,5 milhão de contratações nessa parcela do MCMV, mas, com o sucesso do programa, agora busca 2,5 milhões.

 

Há outra parte do MCMV na qual as unidades são bancadas com recursos da União. A meta ali é bem menor, de 500 mil unidades. Essa parcela tem exigências: a unidade precisa ter no mínimo dois quartos e 41,5 m2, com varanda, entre outras medidas. Os requisitos têm afastado as grandes incorporadoras, que veem mais viabilidade no MCMV de livre mercado.

 

“O planejador pensa no que é melhor para quem vai morar, mas quando você vai no ótimo, esquece o bom, e aí o ótimo fica caro e a pessoa não consegue comprar”, afirma Ely Werthein, presidente executivo do Secovi-SP. O teto de preço para essas unidades, ampliado recentemente, é de R$ 180 mil. Na faixa inicial do MCMV com recursos do FGTS, o teto começa em R$ 190 mil, na faixa 1, mas chega a R$ 500 mil.

 

Não há intenção do governo em alterar essas exigências, afirma o ministro. “O programa avançou muito para a gente poder entregar uma coisa de qualidade, não tem como retroceder em relação a isso”, diz. Mas também não há intenção de ampliar os requisitos para a outra parte do MCMV.

 

Mélo se preocupa com o futuro das unidades construídas hoje, diante das mudanças climáticas. O método construtivo impede a modificação da planta e boa parte dos imóveis não tem rede elétrica para receber ar-condicionado - nem os compradores dariam conta de arcar com a conta mais cara, lembram as incorporadoras.

 

Ela simulou o conforto térmico de um apartamento de planta borboleta, com 32 m2, sem varanda.

 

Atualmente, a sala fica “confortável” em cerca de 60% do tempo e quente nos demais momentos. O percentual de conforto, no entanto, cai para perto dos 25% em 2050 e para metade disso em 2090, com o aumento projetado para a temperatura.

 

O tipo de prédio mais construído hoje, e replicado nos grandes projetos do MCMV em áreas urbanas, enfileira os apartamentos, que possuem janelas em apenas uma das faces, o que contribui para deixá-los mais quentes. “Ao mesmo tempo em que as temperaturas estão ficando mais altas, estamos perdendo a ventilação cruzada, exatamente o recurso que conseguiria deixar o ambiente mais confortável sem a climatização mecânica”, diz Mélo - esse tipo de ventilação é uma das exigências do MCMV com recursos da União.

 

Os entrevistados defendem que, por serem imóveis voltados a uma política habitacional, eles atendem famílias que estão morando em situação muito pior, como em imóveis irregulares, em áreas perigosas, em “puxadinhos” ou dividindo espaço com outras famílias. Dessa forma, mesmo que a unidade seja compacta e tenha seus problemas, é inegável que há melhora na vida familiar. 

 

“No fundo, se fosse ruim, eles não iriam para lá”, afirma Yang, embora ressalte que, no modelo capitalista de produção imobiliária, se busque forçar ao limite a capacidade desses produtos de serem vendidos.

 

De fato, com suas unidades compactas, o programa tem alcançado a baixa renda. A faixa 1, que atende famílias que ganham até R$ 2.850, foi responsável por 36% das contratações do MCMV com recursos do FGTS desde 2023.

 

No entanto, o MCMV também atendia famílias que ganham até R$ 8 mil ao mês, classificadas como classe média, e foi expandido, em maio, para até R$ 12 mil Segundo empresas consultadas, será possível construir em lugares melhores e aumentar as áreas, mas em poucos metros.

 

“Mesmo que tenha uma localização melhor, estamos falando de famílias que ganham R$ 8 mil e vão morar em 32 m2 ”, afirma a arquiteta e engenheira.

 

Com os juros altos para financiar e construir imóveis fora do MCMV, as incorporadoras estão concentrando suas obras no programa e no alto padrão, reduzindo a produção para a classe média tradicional, o que, por sua vez, encarece esses imóveis. O jeito, então, é comprar um apartamento menor.

 

A compactação das plantas não é tendência geral: a área média dos imóveis de quatro dormitórios cresceu 8% em São Paulo entre 2004 e 2024, para 212 m2.

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PIB da construção deve crescer 2,3% neste ano, calcula presidente da Abecip 

 

De acordo com Sandro Gamba, o crescimento da renda real é um dos fatores mais importantes para o mercado de crédito imobiliário

 

Fonte: CNN Brasil

 

O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Sandro Gamba, disse nesta terça-feira (29) que a estimativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção cresça 2,3% no final de 2025.

 

De acordo com ele, o crescimento da renda real é um dos fatores mais importantes para o mercado de crédito imobiliário, e o indicador aumentou 3%, no acumulado do ano até aqui, na comparação com 2024.

 

Ainda de acordo com Gamba, a estrutura de crédito imobiliário terá cada vez mais correlação com a taxa Selic e a curva de juros, sobretudo a taxa de dez anos. No que diz respeito à valorização dos imóveis, a valorização acumulada nos últimos seis meses foi superior ao IPCA, afirmou.

 

Já o nível de estoque do mercado "continua baixo e tem permitido lançamentos", segundo o presidente da Abecip. Do primeiro trimestre de 2024 para o primeiro trimestre de 2025, os lançamentos aumentaram 15% no Brasil. Na cidade de São Paulo, a alta foi de 66% nos primeiros cinco meses do ano.

 

As vendas no País acompanharam a tendência de lançamentos e cresceram 16%. Na capital paulista, porém, a alta foi de 24%, de modo que "a velocidade de vendas está um pouco abaixo do volume de lançamento" e pode contribuir para a formação de estoque, falou Gamba.

 

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